No feriado paulista de 09 de
julho, eu e o Véio fomos conhecer as maravilhas arquitetônicas e artísticas da
Rota do Ouro, no trecho entre Congonhas e Mariana em Minas Gerais.
O Véio, como de costume,
traçou o percurso, pesquisou as pousadas e pontos turísticos, mas decidimos
viajar na coragem e no improviso, para dar mais emoção.
Saímos cedinho, super
agasalhados e com as malas abarrotadas de blusas de frio e meias, a final estamos
em pleno inverno. Alguns quilômetros depois estávamos suados e grudentos, mas
sorridentes e motivados.
Parada no Rei da Traíra Três Corações - MG |
Próximos à Congonhas, tinha
anoitecido e a estrada era desconhecida, então optamos por parar em uma pousada
anunciada nas imediações na cidadezinha de São Brás de Suaçui, em homenagem ao
São Brás, sabe aquele da tosse, ou é soluço...tô na dúvida?
No portão da hospedaria,
feita de pedras e jardinada, quando o Véio embicou a moto, alguns pedregulhos
rolaram e a Fiona tombou, leeeentamente até o muro. Meio no susto, saltamos e
não chegamos a cair, mas a máquina pesa muito e é difícil de mover. Um
trabalhador que passava gentilmente nos ajudou a levantar a moto. Bem auxiliou
o Véio, por que eu fique em volta dando apoio moral, a final cada um contribui
com o que sabe ou pode.
A pousada Vila Lara
revelou-se aconchegante e com um preço dentro do previsto. Após um caldinho
quente com torradas, servido na comodidade da casa, fomos dormir. Na manhã
seguinte, despertamos ao de sons de pássaros e tomamos um café da manhã digno
da realeza. Acho que a Estrada Real, que corta a região, inspirou o pousadeiro.
Tudo deliciosamente produzido no local.
Interessante, que neste
final de semana aconteceu o falecimento do ator Omar Sharif, o protagonista do
filme Doutor Givago, 1963, cuja música é o Tema de Lara, chocante a
coincidência....nossa isso foi muito nerd
da minha parte.
Consultamos os mapas e
seguimos até Mariana, onde estão localizadas as mais belas obras sacras e
igrejas do século XVIII, no estilo barroco com rococó, do artista local Ataíde,
do ateliê do mestre Aleijadinho e do próprio Aleijadinho.
Concluí que Minas Gerais é
um estado tradicionalista, pois seu principal tesouro, que está nas construções
arquitetônicas no estilo barroco com rococó é presente até nas curvas da
Rodovia 040, que está renovada e duplicada, e nas transversais. Eita pista
“nervosa”, chega a embrulhar o estômago de tanto tombar para a direita,
esquerda e assim vai.
No período da tarde paramos
em Ouro Preto, principal ponto turístico da região. Nós e todos os paulistas
curtindo o feriado e uma legião de católicos da terceira idade. A cidade estava
lotada. Difícil de caminhar e estacionar. Muito calor – cadê o inverno ?? Claramente estávamos suados e chamando muita atenção
com nossas roupas de motoqueiros viajantes.
Mesmo sendo uma habitante de
Mauá, fiquei surpresa com os morros onde estão instaladas as construções. A
pavimentação do século XVIII é um desafio ao equilíbrio e tornozelos. O Véio
esqueceu de levar o cabo de aço para prender as bagagens, assim, além de nos
equilibrarmos nas pedras, calçando botas rígidas, ainda arrastamos os capacetes
e blusas pelas ruelas e ribanceiras da cidade dourada. Mas, não se engane, vale
a pena, o local é lindo, de um jeito próprio, rico em história e simbologia.
No sábado, saímos após o
café real, sentido Congonhas, onde estão as principais obras de Aleijadinho, os
12 Profetas (acho que eu contei 13) esculpidos em pedra sabão e muitas outras
obras.
Fizemos uns trechos
ladrilhados da Estrada Real e fotografamos uns marcos. Até chegamos bem
pertinho de uma área de terra batida. Um morador nos viu e foi logo avisando: -
Uai, vai passa ai...uhm tá bem ruim, sô! Como eu já tive minha cota de poeira
real pelas próximas décadas....fiz biquinho e choraminguei para o Cássio dar a
volta e pegar o asfalto, e como eu era a única companhia dele neste passeio,
ele acatou.
Paulista sai de São Paulo,
mas São Paulo não sai da gente. São Paulo, de forma geral, não para. Tem
atração 24 horas.
Já lá em Minas, em pleno coração turístico, os pontos fecham
para almoço e aos sábados ficam até 14 horas. Jesuscristinho, eita povo sossegado. Assim, passeamos pela manhã e
a tarde ficamos livres. No caminho eu tinha visto um local especializado em
empadinhas, paramos para um saboroso lanche.
Compramos umas lembrancinhas para
enfeitar a minha estante. À noite fomos conhecer os arredores de São Brás, que
não tem qualquer apelo turístico, mas é limpinha. Sentamos em uma pizzaria e
comemos picadinho de mandioca frita.
Bem descansados, partimos de
volta para casa, na expectativa de entrar em São Paulo antes da noite, para
evitar o transito pesado da capital. É, mais não deu tempo, pra variar,
chegando perto de Atibaia, a bendita da Rodovia Fernão Dias estava travada.
Foi bem legal. As cidades
são lindas, mas é uma região para apenas uma visita.
Lucilene
13/07/15
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