domingo, 15 de novembro de 2015

Dragões na Real...Estrada

No feriado paulista de 09 de julho, eu e o Véio fomos conhecer as maravilhas arquitetônicas e artísticas da Rota do Ouro, no trecho entre Congonhas e Mariana em Minas Gerais.
O Véio, como de costume, traçou o percurso, pesquisou as pousadas e pontos turísticos, mas decidimos viajar na coragem e no improviso, para dar mais emoção.
Saímos cedinho, super agasalhados e com as malas abarrotadas de blusas de frio e meias, a final estamos em pleno inverno. Alguns quilômetros depois estávamos suados e grudentos, mas sorridentes e motivados.
Muitos quilômetro depois, estávamos mais suarentos, ainda sorrindo, mas já contando os metros faltantes, lembrando que são mais de 600 km, feitos em torno de 7 horas de viagem.
Parada no Rei da Traíra
Três Corações - MG
Próximos à Congonhas, tinha anoitecido e a estrada era desconhecida, então optamos por parar em uma pousada anunciada nas imediações na cidadezinha de São Brás de Suaçui, em homenagem ao São Brás, sabe aquele da tosse, ou é soluço...tô na dúvida?
No portão da hospedaria, feita de pedras e jardinada, quando o Véio embicou a moto, alguns pedregulhos rolaram e a Fiona tombou, leeeentamente até o muro. Meio no susto, saltamos e não chegamos a cair, mas a máquina pesa muito e é difícil de mover. Um trabalhador que passava gentilmente nos ajudou a levantar a moto. Bem auxiliou o Véio, por que eu fique em volta dando apoio moral, a final cada um contribui com o que sabe ou pode.
A pousada Vila Lara revelou-se aconchegante e com um preço dentro do previsto. Após um caldinho quente com torradas, servido na comodidade da casa, fomos dormir. Na manhã seguinte, despertamos ao de sons de pássaros e tomamos um café da manhã digno da realeza. Acho que a Estrada Real, que corta a região, inspirou o pousadeiro. Tudo deliciosamente produzido no local.
Interessante, que neste final de semana aconteceu o falecimento do ator Omar Sharif, o protagonista do filme Doutor Givago, 1963, cuja música é o Tema de Lara, chocante a coincidência....nossa isso foi muito nerd da minha parte.
Consultamos os mapas e seguimos até Mariana, onde estão localizadas as mais belas obras sacras e igrejas do século XVIII, no estilo barroco com rococó, do artista local Ataíde, do ateliê do mestre Aleijadinho e do próprio Aleijadinho.

Concluí que Minas Gerais é um estado tradicionalista, pois seu principal tesouro, que está nas construções arquitetônicas no estilo barroco com rococó é presente até nas curvas da Rodovia 040, que está renovada e duplicada, e nas transversais. Eita pista “nervosa”, chega a embrulhar o estômago de tanto tombar para a direita, esquerda e assim vai.



No período da tarde paramos em Ouro Preto, principal ponto turístico da região. Nós e todos os paulistas curtindo o feriado e uma legião de católicos da terceira idade. A cidade estava lotada. Difícil de caminhar e estacionar. Muito calor – cadê o inverno ??  Claramente estávamos suados e chamando muita atenção com nossas roupas de motoqueiros viajantes.
Mesmo sendo uma habitante de Mauá, fiquei surpresa com os morros onde estão instaladas as construções. A pavimentação do século XVIII é um desafio ao equilíbrio e tornozelos. O Véio esqueceu de levar o cabo de aço para prender as bagagens, assim, além de nos equilibrarmos nas pedras, calçando botas rígidas, ainda arrastamos os capacetes e blusas pelas ruelas e ribanceiras da cidade dourada. Mas, não se engane, vale a pena, o local é lindo, de um jeito próprio, rico em história e simbologia.










Voltamos para a pousada ainda de dia, por motivos de segurança, para mais uma rodada de caldinho saboroso e tranquilidade.
No sábado, saímos após o café real, sentido Congonhas, onde estão as principais obras de Aleijadinho, os 12 Profetas (acho que eu contei 13) esculpidos em pedra sabão e muitas outras obras.

 








Fizemos uns trechos ladrilhados da Estrada Real e fotografamos uns marcos. Até chegamos bem pertinho de uma área de terra batida. Um morador nos viu e foi logo avisando: - Uai, vai passa ai...uhm tá bem ruim, sô! Como eu já tive minha cota de poeira real pelas próximas décadas....fiz biquinho e choraminguei para o Cássio dar a volta e pegar o asfalto, e como eu era a única companhia dele neste passeio, ele acatou.
Paulista sai de São Paulo, mas São Paulo não sai da gente. São Paulo, de forma geral, não para. Tem atração 24 horas. 
Já lá em Minas, em pleno coração turístico, os pontos fecham para almoço e aos sábados ficam até 14 horas. Jesuscristinho, eita povo sossegado. Assim, passeamos pela manhã e a tarde ficamos livres. No caminho eu tinha visto um local especializado em empadinhas, paramos para um saboroso lanche. 



Compramos umas lembrancinhas para enfeitar a minha estante. À noite fomos conhecer os arredores de São Brás, que não tem qualquer apelo turístico, mas é limpinha. Sentamos em uma pizzaria e comemos picadinho de mandioca frita.
Bem descansados, partimos de volta para casa, na expectativa de entrar em São Paulo antes da noite, para evitar o transito pesado da capital. É, mais não deu tempo, pra variar, chegando perto de Atibaia, a bendita da Rodovia Fernão Dias estava travada.
Foi bem legal. As cidades são lindas, mas é uma região para apenas uma visita.

Lucilene

13/07/15

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